A psicopedagogia é uma ciência e área de atuação profissional que tem como objeto a aprendizagem, em seus aspectos normais e patológicos.
Por Cristiane Ferreira*
O atendimento psicopedagógico é estruturado em duas etapas: diagnóstico e tratamento.
O diagnóstico permite que o psicopedagogo realize uma investigação detalhada e descubra quais fatores estão interferindo na aprendizagem do sujeito. Isso é feito com a utilização de instrumentos específicos como testes, provas, jogos, desenhos, escritas, leituras, avaliações psicométricas, observações, entrevistas, anamnese, leitura de laudos e relatórios emitidos por outros profissionais, análise da produção escolar e outros.
Normalmente essa etapa leva em média de 6 a 10 sessões. Ao final dessa etapa o psicopedagogo faz uma devolutiva ao sujeito (ou a seus responsáveis) sobre o achado nessa investigação e traça um plano de intervenção.
Cabe ressaltar que é muito comum os pais chegarem ansiosos no consultório e logo solicitarem um laudo, pois querem saber o que seu filho tem. Também é frequente, ainda na fase do diagnóstico, os pais perguntarem ao final de cada sessão qual foi o resultado. Essa atitude é muito compreensível, pois demonstra o carinho e preocupação dos pais. No entanto, apesar das pistas que o sujeito emite a cada encontro, é somente após várias sessões que o psicopedagogo pode informar suas conclusões. Isso ocorre, pois, o psicopedagogo precisa checar, testar e retestar, observar, analisar de forma muito cautelosa e não pode correr o risco de emitir um laudo precocemente sem analisar o todo. Então, normalmente, além do atendimento com o sujeito, também é realizado um trabalho de informação aos pais, pois a ansiedade demais, pode interferir no diagnóstico.
Finalizada a etapa diagnóstica e chegado o dia do informe, o psicopedagogo comunica suas conclusões e, dependendo de cada caso, é realizado um plano de intervenção. Cada plano é elaborado com muito cuidado, levando em consideração não apenas o distúrbio/condição/dificuldade de aprendizagem, mas também a singularidade do sujeito.
É importante frisar que o laudo não traz uma sentença, um diagnóstico fechado, pois o ser humano está em constante transformação. Muito menos o achado de uma dificuldade é uma notícia ruim. Não deve jamais ser usado como desculpa para justificar a não aprendizagem. Ao contrário! O diagnóstico serve para que o psicopedagogo e demais envolvidos com o sujeito, possam compreender suas singularidades e então melhorar suas condições para aprender.
O tratamento é a fase consiste na execução do plano de intervenção e sua finalidade é o reestabelecimento das condições necessárias para a aprendizagem acontecer regularmente. O que define como será a intervenção é o diagnóstico e a singularidade da pessoa que está sendo atendida. Dessa forma, mesmo que duas pessoas tenham um diagnóstico de dislexia, cada uma terá um plano de intervenção particular, pois o foco é o sujeito.
Na intervenção são utilizados instrumentos específicos que podem incluir desenhos, escritas, teatro, música, jogos… tudo em conformidade com cada transtorno. Por exemplo, para uma pessoa com dificuldades para memorizar, podem ser indicados jogos de estimulação cognitiva.
O interessante é que, mesmo na fase diagnóstica, o sujeito atendido normalmente já começa a apresentar sinais de mudança em sua relação com o aprender.
Por isso, além de melhorar o processo cognitivo, a intervenção psicopedagógica promove um bem estar global, pois o sujeito recupera sua auto estima e a alegria de aprender!
*Cristiane Ferreira é psicopedagoga