Paloma (Bruna Griphao) finalmente conseguiu o que queria: fazer com que a mãe, Alexia (Carolina Ferraz), aceitasse ser reconquistada por Cadinho (Alexandre Borges). De inventar mentiras para deixar a mãe constrangida na frente do ex-noivo, o otorrino Ruy (Lui Strassburguer), até causar uma alergia em seu quase padrasto em pleno casamento, a personagem de “Avenida Brasil” sabotou o relacionamento de Alexia com o médico de diversas formas.
“A mãe faz tudo o que a menina quer, por isso ela não tem limites”, diz a psicóloga Paula Pessoa Carvalho. Consequentemente, a adolescente acredita que pode escolher o marido da mãe –e a menina elegeu Cadinho, com quem se identifica e tem uma relação afetiva (sem saber que é filha dele). Para a psicopedagoga Cristiane Ferreira, membro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, “os filhos podem facilitar ou atrapalhar o relacionamento. Mas não devem interferir ou determinar de quem os pais gostarão”.
Exageros de novela à parte, a situação é comum. “Os filhos têm medo de serem deixados em segundo plano”, diz a psicóloga infantil Jéssica Fogaça. “Crianças filhas de pais separados também podem alimentar a fantasia de que eles vão voltar”, afirma. Para Cristiane Ferreira, quando os filhos interferem em seu namoro, é sinal de que a relação familiar não vai bem. “É normal ter ciúme, mas se a criança ou adolescente se sente seguro e tem certeza do amor, respeito e proteção dos pais, não cria tantos problemas, como Paloma”, diz ela.
Há motivos?
Os pais devem analisar se o motivo que leva o filho a não gostar do parceiro é importante. “É preciso ter olhar crítico. Problemas acontecem porque nem sempre é manha e os pais não deram a devida atenção”, diz Paula Carvalho. Se não passar de birra, cabe aos pais impor limites. Deixar-se levar pelas artimanhas dos filhos pode transformá-los em adultos que não sabem lidar com decepções.
- Paloma (Bruna Griphao) fez de tudo para acabar com o relacionamento da mãe com o otorrino Ruy
Diálogo e atitude para impor limites
O ideal é ter uma sucessão de conversas para esclarecer aos filhos que o relacionamento com o namorado é muito importante para sua vida, mas que você jamais irá esquecê-lo ou substituí-lo. Se seu filho for criança, tenha a sensibilidade de não apenas criticá-lo quando age de modo errado, mas elogiá-lo quando se comporta bem.
Se o filho é adolescente, a situação complica, pois é natural que ele queira testar limites nessa fase. “Como os pais interferem na vida deles, eles pensam que também têm esse direito”, diz Jéssica Fogaça. Mostre que você entende os sentimentos do filho, mas que você é adulto e tem condições de decidir sua vida.
Para impor limites, além de muito diálogo, aja. “Deixe claro que não há nada que os filhos possam fazer para atrapalhar o seu relacionamento. Não adianta espernear”, explica a psicopedagoga Cristiane. “Os pais precisam ser muito firmes e não podem dar ao filho o poder de sabotar”.
Como facilitar a convivência
Não invente histórias. Se você disser que está saindo com amigos e seu filho descobrir que você estava namorando, terá problemas. “Eles se sentem traídos. Por que eles devem dizer a verdade se os pais não fazem o mesmo?”, diz Jéssica Fogaça. Mas antes de fazer as apresentações, converse com o filho, dizendo que você tem saído com uma pessoa de quem gosta muito e adoraria que os dois se conhecessem.
Se, mesmo com muita conversa, o filho se recusar a conhecer seu namorado ou namorada, vale se impor. “Se os pais cedem, ele nunca vai querer. Diga que quer o filho vá junto, pois o parceiro passará a frequentar sua casa e, como você o respeita, quer que o conheça”, diz Paula Carvalho. É importante que a pessoa apresentada seja alguém com quem você já mantém um relacionamento sério e, claro, não é recomendável que durma em sua casa de repente. “Não adianta cobrar o respeito do filho se ele está sendo desrespeitado”, diz Paula. Avise sempre os filhos quando o namorado ou namorada for a sua casa, o que diminui a ansiedade da criança e a ajuda a fazer parte da situação.
Para tentar aproximar parceiro e filho, procure o que os dois têm em comum e tente, aos poucos, fazer atividades juntos. Escolha um programa que o filho goste e sugira que o parceiro vá junto. É importante que o namorado agrade o filho no começo para quebrar o gelo. “O adolescente é mais trabalhoso, por isso, é importante ver o que ele gosta. A primeira coisa que ele tem é a repulsa por aquela pessoa. É natural. O caminho é tentar aproximar as pessoas”, diz Paula.
Fonte: https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2012/06/15/filhos-mimados-como-paloma-acham-que-tem-o-direito-de-escolher-o-relacionamento-dos-pais.htm